#FicaADica: 8 lições de jornalismo investigativo no filme Spotlight
#FicaADica: 8 lições de jornalismo investigativo no filme Spotlight
“Spotlight - Segredos Revelados” é, sem dúvidas, um dos mais convincentes e perspicazes filmes de jornalismo investigativo desde “Todos os Homens do Presidente”, o clássico de 1975 sobre o caso Watergate.
“Spotlight - Segredos Revelados” é, sem dúvidas, um dos mais convincentes e perspicazes filmes de jornalismo investigativo desde “Todos os Homens do Presidente”, o clássico de 1975 sobre o caso Watergate.
O “faro” investigativo
Em Boston, uma cidade fortemente católica, precisou que uma pessoa de fora, o editor executivo Marty Baron, pedisse uma investigação mais aprofundada do comentário de uma colunista sobre um caso de estupro ligado a um padre. O faro noticioso de Baron - algo que não pode ser facilmente ensinado - levou a equipe a uma investigação extraordinária. O time Spotlight esboçou uma hipótese de trabalho: que a Igreja protegia os padre pedófilos mais do que o imaginado, e, então, buscaram provar isso.
Descascando a cebola, mas ao contrário:
Em boa parte das investigações, você começa grande e, eventualmente, vai estreitando o foco até que você tenha uma história poderosa - um estudo de caso hermético que ajude a expor o que está por trás de uma questão mais ampla. Mas, em boas histórias como a do acobertamento da Igreja Católica, você começa a descascar a cebola, mas ela fica cada vez maior e maior.
Fontes inovadoras
Em um projeto grande, normalmente há um par de fontes que ajudam a avançar o caso fornecendo documentos e dados chave para ajudar a enxergar todo o panorama do que está sendo investigado. Esses “momentos Eureka!” são, talvez, as partes mais emocionantes da investigação - quando você percebe que seu palpite e dados iniciais estavam corretos. É só quando o time Spotlight entrevista um especialista em saúde mental que estudou o problema durante anos que eles percebem o escopo completo da história - um problema que se estende a milhares de sacerdotes e a um número ainda maior de vítimas por todo o mundo.
Rastro de responsabilidade
Marty Baron, o novo editor do Boston Globe, herdou as qualidades dos grandes jornalistas investigativos dos Estados Unidos. Baron é quem diz aos seus repórteres que só provar casos individuais de abuso sexual não é suficiente. O que ele quer saber é se a pedofilia é um problema sistemático de dentro da Igreja, se existe o acobertamento desses casos e quem são os responsáveis. E são essas as perguntas clássicas do jornalismo investigativo. Como a famosa pergunta de um senador dos Estados Unidos, durante o escândalo Watergate: ‘ O que o Presidente sabia e quando ele soube disso?”
Dados e Documentos
Repare na busca metódica do time Spotlight por artigos de jornais, documentos judiciais e diretórios anuais das arquidioceses, que listavam padres transferidos ou ausentes por razões não justificadas. Enquanto o time recolhia dados, o que os repórteres faziam? Eles construíram um banco de dados. Jornalistas: aprendam a usar planilhas!
A luta dentro da relação
Frequentemente, uma das lutas mais difíceis vai acontecer dentro de sua própria redação, para conseguir o tempo e os recursos necessários para produzir uma história tão importante. Os editores anteriores do Boston Globe enterraram histórias sobre pedofilia na Igreja Católica e não acreditavam que o assunto poderia realmente ser grande. Como os repórteres chegaram tão longe? Primeiro, graças à liderança do editor Baron, que sabe reconhecer uma grande história quando a vê. Igualmente importante: a equipe que foi conseguindo o necessário para ganhar o direito de continuar investigando.
Trabalho em equipe
O grupo Spotlight trabalhou como uma equipe, algo muito importante ao investigar temas complexos. Repórteres trazem diferentes habilidades - elaboração de relatórios, pesquisa, entrevistas, escrita - e você precisa utilizar toda a diversidade desse grupo quando se confrontar com assuntos complexos e instituições poderosas como a Igreja Católica de Boston.
Jornalismo de indignação
Um dos momentos mais emocionantes do filme acontece quando o repórter Mike Rezendes, brilhantemente interpretado por Mark Ruffalo, vê a história sendo adiada e explode de raiva. Tais emoções são difíceis de lidar na redação, mas esse tipo de indignação é o material dos grandes investigadores. Há uma bússola moral no jornalismo investigativo, e é por isso que o campo atrai homens e mulheres que querem corrigir erros, ajudar os pobres e esquecidos e parar com abusos de poder. Isso é o jornalismo em sua melhor forma.