Viagem ao Japão
Viagem ao Japão
![Wander Veroni](http://cdn.ex.co/cdn/UserImages/3b717812-1b9c-4750-baa5-1febe803d67e.jpg)
A ideia de conhecer o outro lado do mundo surgiu de uma promoção imperdível de passagens aéreas vista por uma grande amiga. Como eu amo viajar e adoro uma aventura, topei na hora. Daí, em menos de seis meses, embarcamos para a terra do sol nascente.
Como não conhecia quase nada do país e nem muita gente que já tinha ido para lá, comecei uma profunda pesquisa sobre cidades, passeios, hábitos, comida, povo, curiosidades e cultura. A cada blog, vídeo, série ou livro que via, a empolgação e a certeza de que iríamos viver dias inesquecíveis no Japão só aumentava.
Nosso roteiro tinha 13 cidades, as quais percorreríamos de trem com o JR Pass (passe que dá direito de viajar ilimitadamente pelos trens dessa linha, pelo período escolhido). Reservamos as hospedagens, tiramos o visto, alugamos um modem wi-fi e em abril de 2019 partimos rumo ao Japão com apenas uma malinha de mão e uma mochila (devido aos pequenos espaços e muitos deslocamentos).
A expectativa era enorme e o frio na barriga também...como seria a comunicação, a locomoção, o povo, a cultura, comida, os costumes? Depois de 30 horas de viagem e escalas em Madri e Pequim, chegamos a Tokyo, capital do Japão. A impressão era de estarmos em um filme: muita gente na rua, muita luz, avenidas imensas, minúsculas ruelas e uma energia pulsante. Ficamos hospedadas em Shinjuku que, para nós, é o melhor bairro da cidade.
Tokyo é a cidade mais populosa do mundo com 37 milhões de habitantes e possui o melhor sistema de transporte público do mundo (pontual, organizado e eficiente). Ficamos ao todo oito dias desbravando os inúmeros atrativos dessa apaixonante cidade.
Passeamos pelas enormes avenidas, atravessamos o cruzamento mais movimentado do mundo (shibuya crossing), visitamos diversos templos budistas e xintoístas, onde participamos dos rituais de purificação, dependuramos plaquinhas com pedidos, tiramos a sorte e fizemos orações.
Também fomos à bairros hypsters, jovens, sofisticados, perambulamos por pequenas e charmosas ruelas, comemos sushi, lamen, sorvete de matchá, algodão doce de arco íris, espetinho de atum, bolinho de salmão, presenciamos corridas reais de Mario Kart, cantamos em um Karaokê, fomos a parques, museus, jardins, jogamos vídeo game, vimos a cidade do alto, dançamos na chuva, nos divertimos no izakaya (bar) mais animado de Tokyo e nos emocionamos com a gentileza, amabilidade e disponibilidade do povo japonês.
Além de Tokyo, fomos a mais 12 cidades no Japão, durante os 22 dias que ficamos no país. Duas dessas cidades, fizemos bate e volta a partir de Tokyo: a pequena e linda Nikko, que tem um enorme valor histórico sendo patrimônio mundial da Unesco e Yokohama, que fica a menos de uma hora de trem de Tokyo e em dias claros e limpos, como o que pegamos, você tem uma vista deslumbrante do Monte Fuji do alto do Landmark Tower, que possui 296 metros de altura (de emocionar).
Seguindo nosso roteiro, fomos a Myajima, uma linda ilha ao lado de Hiroshima onde não é permitido nascer nem morrer. O principal símbolo da ilha é um enorme Tori vermelho (portão tradicional japonês) que com a maré cheia parece estar flutuando. Mas o que mais chamou minha atenção foi Daisho-in, um complexo de templos budistas, com 500 estátuas com diferentes expressões faciais e uma sala em que o teto é repleto de lanternas acesas, além de várias esculturas de diferentes budas. Uma energia maravilhosa.
De Myajima fomos para Hiroshima, uma experiência forte, triste e necessária. O museu da bomba atômica conta a história de várias famílias atingidas pela bomba e seus efeitos nos sobreviventes. Já o Parque da Paz é lindo, com vários monumentos em homenagem às vítimas, sinos e o Genbaku Domu, antiga sede da prefeitura, um dos poucos edifícios que sobreviveu à bomba e hoje cartão postal da cidade.
De Hiroshima partimos rumo à Himeji com o objetivo de conhecer o famoso castelo da cidade, que é patrimônio mundial da Unesco e tesouro nacional do Japão. Seu complexo abriga mais de 80 elegantes construções. Sua estrutura nunca foi destruída, mesmo a cidade tendo sido extremamente bombardeada na segunda guerra. Um dos jardins do castelo, Koko-en merece destaque. Folhagens de um verde fluorescente que refletem na água, cachoeiras, flores, lagos, carpas, pontes e pedras! Simplesmente espetacular!
Seguimos viagem para Osaka, uma cidade pulsante, jovem e surpreendente! Os vários bares, restaurantes e casas noturnas às margens do canal da Dotonbori fazem da cidade uma verdadeira festa. Outro destaque de Osaka é a culinária. Comemos diversas vezes o famoso e delicioso Takoyaki (bolinhos de polvo com molho e maionese), além do Okonomyaki, uma espécie de panqueca divina.
Uma atração obrigatória em Osaka é a visita ao Umeda building, um prédio altíssimo, com duas escadas rolantes suspensas e um observatório 360 graus com um chão brilhante que parece um céu. Experiência incrível e inesquecível, assim como Osaka!
De Osaka fomos para Monte Koya ou Koyasan (como eles chamam), uma cidade sagrada, centro do budismo shingon e por isso um dos destinos preferidos dos que viajam pela fé. Seus inúmeros templos e o famoso e lindo cemitério Okuno-in fazem da cidade, um local realmente especial, de uma energia inexplicável.
Em Monte Koya vivemos uma experiência maravilhosa. Ficamos hospedadas em um templo budista. Dormimos no chão com futons sob o tatame, tomamos banho em um banheiro comunitário, onde você entra sem nenhuma roupa, se lava com uma bacia sentado em um banquinho e depois entra em uma banheira fervendo. Comemos comida vegetariana também no tatame e participamos de uma linda cerimônia de meditação.
Nosso próximo destino era Kanazawa, uma pequena e bucólica cidade com casinhas de madeira, que nos fez viajar no tempo e resgatar o Japão antigo. Famosa por sua culinária, a cidade possui vários pequenos restaurantes com foco em frutos do mar. Comemos no restaurante Kourin deliciosos sushis e o melhor salmão de nossas vidas e no Fuwari uma imensa variedade de fresquíssimos e deliciosos frutos do mar.
Nossa próxima parada foi Shirakawa-go, uma aldeia no meio da floresta cercada por montanhas, que parece ter saído de um conto de fadas. Patrimônio mundial da UNESCO, Shirakawa encanta pelo seu clima bucólico, pelo rio de um azul exuberante e pelas montanhas de gelo ao seu redor. O pequeno vilarejo possui casinhas em estilo gasshoku, construídas de madeira (sem pregos) e com íngremes telhados cobertos por plantas de arroz que representam as mãos dos monges budistas posicionadas em oração. Vale muito a visita.
De Shirakawa fomos para Takayama, uma cidadezinha com 100.000 habitantes que conserva vários traços do Japão antigo. Lá comi pela primeira vez carne de wagyu, extremamente macia e saborosa. Dizem que a vaca é criada de maneira diferenciada com massagem, cromoterapia, banhos de sakê no ofurô... Um luxo!
Nessa pequena cidade, além de visitar os principais pontos turístico conhecemos pessoas ímpares e vivemos experiências icônicas, como o micro bar que entramos e tivemos a certeza de estarmos em um bar da máfia japonesa. rsrsrrs
Última cidade a ser visitada foi Kyoto, que pra muita gente é uma das mais lindas do Japão. De fato Kyoto tem seus encantos e diversos atrativos turísticos como o pavilhão dourado, floresta de bambus, o Fushimi Inari (templo dos 1000 toris), pontocho (bairro das gueixas), além do Sanjusangen-do, um dos poucos templos que não pode ser fotografado e que você fica embasbacado com o que encontra (1.000 estátuas da Kannon, deusa da misericórdia, construídas entre os séculos 12 e 13, com seus 42 braços cada). Mais uma vez um sentimento inexplicável!
Fizemos ainda um bate e volta em Nara, onde fomos ao parque lotado de veadinhos, o símbolo da cidade e fomos a alguns templos. Um deles com um Buda gigante sentado de tirar o fôlego.
Antes de voltar para o Brasil ainda passamos mais alguns dias em Tokyo e, mesmo achando que não era possível, vivemos experiências únicas e inesquecíveis. Nos hospedamos em um hotel cápsula (uma experiência incrível) e visitamos a exposição de arte digital mais sensacional que já fui na vida. O teamlab borderless foi uma daquelas experiências que, por mais que você tente, não consegue, nem de longe, descrevê-la.
É preciso vivenciar com todos os sentidos, cada uma das escondidas salas, que aos poucos e por acaso você entra e não quer sair! As imagens te invadem de uma forma tão delicada, encantadora e intensa que a vontade é ficar estática observando o caminho das borboletas, as milhares de flores que transitam entre os corredores, as lanternas, a plantação de arroz, as cerejeiras, a cachoeira, os planetas…tudo muito lindo! Com toda certeza, é uma viagem que vale muito a pena a fazer!
CURIOSIDADES
- Quase nenhum lugar aceita cartão de crédito;
- Todas as privadas são extremamente limpas, automáticas e com variações de velocidade e temperatura de jatos;
- Os livros são ao contrário dos nossos;
- Eles têm máquina pra tudo (compra de fichas em restaurantes para bebidas, sakê, bateria e pilha, camisinha...);
- Muitas ruas não têm calçada;
- Os homens usam bolsas que aqui no Brasil são consideradas femininas;
- Eles comem pão com macarrão;
- É proibido falar ao telefone nos metrôs e trens;
- É proibido fumar nas ruas em qualquer lugar. Existem áreas restritas para fumantes com cinzeiros e nos estabelecimentos, cada dono decide se pode ou não fumar (muitos podem);
- É proibido andar na rua comendo. Tem que parar para comer;
- As garagens das casas são minúsculas, mal cabem um carro. Vi várias em que o carro fica metade pra fora;
- Eles vendem inúmeros produtos de chá verde;
- Consomem uma enorme quantidade de doces;
- Não existem lixeiras nas ruas e é tudo limpíssimo.